De todas as impossibilidades humanas
existe essa de buscar um ponto para dizer é isso, esse é o ponto onde todos
devem chegar para alcançar seja lá o que for o que buscamos. Temos essa
intrepidez em afirmar nossa razão como sendo universal e que todas as outras
são um mero rascunho de um ideal antagônico e patético que estão simplesmente rascunhando
a histórias de suas próprias vidas. Somos assim, temos esse hábito de desprezar
o que nos parece estranho e diferente de nós mesmos e damos ao que não faz
parte de nosso universo um desprezo quase que legal vistas as nossas parcialidades
e deduções baseadas em nossas realidades irreais. Assim assistimos aos grandes
espectadores de suas vidas, disponibilizando suas vidas nos seus conceitos
virtuais disponíveis em todas as redes sociais dizendo e afirmando suas verdades
quase que puramente copiadas de um pensamento qualquer programado em algum
ponto da existência de alguém que em algum ponto de sua vida vazia disparou
algumas palavras para contemplar suas carências e que outros carentes resolveram
afirmar que isso é bom. Essas palavras repetidas de gente repetida que
estabelece padrões para tantas coisas e que quando elas mesmas saem do próprio
padrão esperar ser compreendidas por uma plateia uniforme sem grandes
expectativas de um padrão diferente, por que o diferente é ser igual ou pelo ao
menos tentar parecer igual ao que todo mundo quer ou ao que todo mundo diz.
Isso como se não bastasse fazer parte de um estilo de vida e pensamento comum
foi transmitido ao modo como enxergamos os outros e agora até padrão de beleza
existe, o que vemos agora é um exército de mulheres e homens em série como se
tivessem saído da mesma fábrica e o restante preciso aceitar que é bonito
mulheres mais musculosas que homens ou homens mais afemininados que suas
mulheres. Como se não bastasse a própria familiaridade de sermos parecidos em
tantas coisas visto que somos todos de uma mesma espécie que ao menor indicio
de extinção se põe em acessos auto-destrutivos para expressar sua indignação
sobre um suposto fim de sua existência o que na verdade não tem fim.
Parafraseando toda a questão posso dizer, e digo, que temos em nossa
natureza o dom natural de olhar criticamente o outro sem ao menos fazer ideia
de quem é, quais são seus conflitos e como lidar com as iguais diferenças que
existem entre nós sem partir para o ato brutal da critica desconstrutiva,
partindo da premissa que somos absolutos sobre todas as questões que partem de
nós e quase nunca respeitando a linha de quem o outro é. É muito bonito ouvir
as pessoas dizendo expressões do tipo “ somos todos iguais” , mais isso pode
não querer dizer nada quando na realidade eu imagino que estou sendo
injustiçado pelo outro, aí a coisa fica preta, por que ninguém pode fazer
comigo o que eu faria a menos que este alguém fosse eu. Pra finalizar acredito
que só podemos nos entender quando enxergarmos as coisas pela perspectiva do
outro, não por que desejo ser ou ter algo que não é meu, pelo contrário, quando
eu tiver a oportunidade e a habilidade de enxergar no outro um mundo além da
minha obscuridade e que eu não queira destruí-lo com minhas mãos pelo simples
fato de este mundo não fazer parte do meu.